quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pobreza, Globalização, Cidade dual e Cidade ideal.

A conceituação de Globalização está umbilicalmente relacionada a troca de relações de informação em grande velocidade. De maneira simples e direta o mundo caminha à adoção de um sistema comum – ou o mais semelhante possível em campos diversos, que abre um sem número de horizontes a economia, política e cultura.
Em países emergentes, como o Brasil, toda a América Latina e Sudeste Asiático, o fenômeno da Globalização esbarra em um perverso processo social calcado na dualidade econômica abissal entre o topo da pirâmide e a sua larga base. Sociedades quase estatamentais vêem o aprofundar de suas desigualdades  refletindo as ânsias de consumo de uma classe média cada vez maior – um comemorável sinal de enriquecimento nacional, em choque com necessidades básicas de uma parcela sempre grande e presente. Este atrito reflete-se de forma menos romântica nas áreas urbanísticas e de gestão urbana.
Panorama quase inconsciente de qualquer grande cidade emergente, as favelas são réplicas de sistemas falidos – quando não inexistentes – adotados durante forte ondas de crescimento provenientes de ciclos de industrialização tardia, circulação de informação e da própria globalização.
A ausência de planejamento urbano é por essência a raiz dos males urbanísticos de tais fluxos migratórios, oriundos dos rincões distantes rumos à melhores oportunidades – quase sempre nas grandes metrópoles e nos pólos regionais. É tocante a ausência de atitudes enérgicas por parte do Estado em enfrentar  ocupações irregulares, especulações imobiliárias, planejamento de transporte público farto e eficiente, adequação de vias e, principalmente, a concepção de uma cidade no mais amplo sentido: para todos e à todos, contínua, responsável, sustentável e sempre em crescimento sadio. 
Slogan do "Programa Cidade de Todos" de Silvio Félix.
Curioso que para estas questões às cidades, encabeçadas por seus governos centrais, tentaram dar respostas equivocadas ao problema do crescimento negligenciado. Não há um roteiro amplo de pensamento ao bem comum da Sociedade, na transformação do Espaço que a circunda. Quase sempre há um ou dois juízos proeminentes; invariavelmente economia está no meio. É quase lugar   comum o descompasso entre o poder público, os urbanistas e cientistas urbanos e a população em geral na confecção de planos estruturais, habitacionais e de planejamento às cidades, o que é diretamente proporcional ao que o planejamento puro deve se estreitar: a função social das cidades, e o pensamento nelas para a sociedade como um todo.
Felizmente, ao Brasil logram-se novos horizontes à partir dos anos 2000. Séculos de descaso e ações emergenciais não profiláticas são postas de lado com o seriamente debatido e bem intencionalmente preparado Estatuto das Cidades, aprovado 12 anos após ser criado na Câmara Federal. É este estatuto que regulamenta a participação da sociedade como ente ativo na confecção da cidade ideal, justa, e responsável – por mais piegas que soe, a esta utopia inalcançável da “cidade ideal” são postas alicerces regulamentados por força de lei para que cada município brasileiro chegue o mais próximo possível do bem estar social idealizado.
A cidade análoga a um órgão vivo é  acometida naturalmente por situações que a ponham em risco. A globalização é um fator irreversível preponderante ao aparecimento de focos de mazelas como o estrangulamento de infraestrutura, pobreza e conflito social que, semelhantes a um tumor, podem sofrer metástase, crescer e atrofiar partes consideráveis do tecido urbano. A solução são boas doses de planejamento, engajamento social e responsabilidade na construção da cidade para todos.


Aluno: Victor N. Estácio    Matricula: 43375



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