quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Jane Jacobs

Jane Butzner Jacobs( Scranton, 4 de maio de 1916 — Toronto, 25 de Abril de 2006) foi uma escritora e ativista política canadense . Conhecida por sua obra Morte e vida de grandes cidades (1961), na qual critica duramente as práticas de renovação do espaço público dos anos cinqüenta nos Estados Unidos, combatendo a ideologia modernista de Le Corbusier e Ebenezer Howardque, que pregava a implantação de Cidades-Jardins onde a cidade teria em torno de 32 mil pessoas, com mono funcionalidade, divisão das áreas residenciais separadas de comerciais, com grandes lotes e um cinturão verde que circundaria a área industrial. Com essa implantação em certo período do dia uma parte da cidade ficaria desativada, escura, vazia.
Jane não era a favor, dessas idéias modernistas, elas são incoerentes, pois prezava que:
“…a rua é um lugar ruim para os seres humanos; as casas devem estar afastadas dela e voltadas para dentro, para uma área verde cercada. Ruas numerosas são um desperdício e só beneficiam os especuladores imobiliários, que determinam o valor pela metragem da testada do terreno. A unidade básica do traçado não é a rua, mas a quadra, mais particularmente a superquadra. O comércio deve ser separado das residências e das áreas verdes. (Jacob, 2001, p. 20, criticando os ideais modernistas).”
Segundo Jacobs, o maior destruidor das comunidades americanas não foram nem as drogas nem a televisão, mas o automóvel. A modernização por meio da renovação urbana destruiu comunidades ao arrasar bairros antigos para a passagem de highways e expressways. Estes, por sua vez, induziam a expansão, com a construção de subúrbios que se alternavam com shopping centers.Jane Jacobs não apoiava essas idéias, ela defendia a arquitetura sustentável comunidades integradas, com diversidade de pessoas, meios de transporte, comércio e arquitetura. Um mix de atividades. Tanto que Jacobs liderou a mobilização contra a última das vias expressas projetadas por Moses. A Lower Manhatan, que deveria destruir o bairro do Soho (South of Huston). Vitoriosa, a resistência ensejou a sensacional revitalização do bairro que, logo, tornou-se fashion. O baixo preço dos antigos galpões industriais, abandonados pela expectativa de construção da via expressa, atraiu os artistas que por sua vez atrairam os bares da moda e um uso residencial sofisticado, na forma de lofts.
O Novo Urbanismo é um movimento voltado para o desenho urbano que defende o projeto de vizinhanças para pedestres com funções mistas de habitação e trabalho o que garante a diminuição do uso de veículos particulares, além de oferecer sustentabilidade e melhor qualidade de vida à população. Quando isso é posto em prática, revela-se uma grande dificuldade; a mistura de classes sociais se torna utópica, sendo que as cidades transformadas pelo novo urbanismo tendem ao interesse da elite. Sendo assim Jane Jacobs aceita parcialmente o novo urbanismo, mas junto disso ela prevê as diferenças sociais.
“É interessante notar como as teorias de Jacobs parecem válidas ainda hoje, apesar de terem sido desenvolvidas há mais de 4 décadas e em uma realidade completamente diferente da que temos hoje no Brasil. Se observarmos atentamente as praças e espaços públicos das cidades brasileiras vamos chegar à conclusão que as teorias são bastante válidas para a nossa realidade. É muito comum vermos praças relativamente bem arrumadas e arborizadas que ficam o dia todo deserto, sem praticamente ninguém utilizando. Não por acaso, a maioria deles fica em bairros de classe média/média-alta quase que exclusivamente residenciais.”


Paulline Niehues

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